Uma homenagem ao meu pai: um contador de estórias de mão cheia, que trazia em seus contos malassombrados a melancolia da eterna saudade que sentia de Caicó, sua Terra Natal.

sábado, 15 de maio de 2010

O Nêgo D'Água


Nêgo D'Água, Mãe D'Água, Yara, Rainha das Águas etc, são variações afroameríndias, não obrigatoriamente derivadas, dos mitos eurocaucasianos das sereias e outros seres mitológicos dos mares e rios. A mitologia de diversos povos e culturas é riquíssima na variedade de manifestações folclóricas sobrenaturais envolvendo criaturas ligadas ao meio líquido. Já que somos "ilhas humanas" cercadas de água por todos os lados que impõe limites à nossa presunçosa supremacia sobre todos os seres do planeta, é natural que nossos medos nos assombrem em formas de figuras fantásticas, mesmo quando nosso conhecimento acumulado sobre o mundo natural estenda cada vez mais esses limites. 
A água nos desperta um sentimento atávico do qual não podemos nos libertar: dela dependemos; ela nos limita; ela nos assombra. O mítico se funde ao místico, e surgem devoções como forma de nos fazer transitar nesse elemento, com ele conviver e apaziguar seus "demônios".
Assim é que em todo canto que se ande há uma história mítica para explicar a origem das coisas, e essa mitologia envereda pelo misticismo religioso de um matiz qualquer, a despeito do que digam os fatos históricos sobre tais origens.
Há os que acreditam em tais manifestações sobrenaturais e reivindiquem para si os poderes místicos que permitem intermediar, para o bem ou para o mal, as relações desse mundo sobrenatural com os humanos. Em tal categoria estão os bruxos, magos, pajés, feiticeiras, pais de santo, mães de santo e até padres e pastores evangélicos em alguns casos. Há os que acreditam, e seguem aos seus líderes místico-religiosos em maior ou menor grau. Há os que estão no meio do caminho, e na dúvida, seguem o dito popular: "acendem uma vela pra Deus e outra para o Diabo". E há os céticos, para quem tudo isso não passa de uma construção da psique humana.
E voce? Em que categoria se encaixa?
A Caicó dos anos 40 do século passado ainda carregava no imaginário do seu povo as lendas da sua origem, a despeito da história oficial da sua fundação que dá conta ter surgido das primeiras datas de sesmarias concedidas a dignatários da Colônia, que empreenderam a colonização do sertão "pelas patas de gado", e da construção da Casa do Cuó, fortificação erigida para aquartelar as tropas coloniais empenhadas nos combates da chamada "Guerra dos Bárbaros", travada contra os gentios bravios do sertão  da Nação Tarairiú (Jandui, Ariú, Pega, Canindé, Genipapo, Paiacú, Panati, Caratiú e Corene), ainda no século XVII.
Entre as lendas, consta a de um vaqueiro portugues que em busca de uma rês extraviada deu de cara com um touro mítico que habitava um mofumbal. O touro seria uma encarnação do deus Tarairiú que defendia aquelas plagas. O dito vaqueiro, perseguido pelo touro e sem encontrar a saída daquela quiçaça, ajoelhou-se em prece a sua santa de devoção, a Nossa Senhora de Sant'Anna, prometendo-lhe que se encontrasse livramento construiria no local uma capela em sua homenagem. A partir daí, o touro encantou-se nas águas de um poço ali próximo, e o vaqueiro, conseguindo sua salvação retornou mais tarde para cumprir sua promessa, erigindo no local uma capela dedicada à santa.
Uma variação da mesma lenda, conta que o vaqueiro buscava desesperadamente por água para o seu gado em tempos de uma seca terrível. Fez promessa semelhante à sua santa, caso encontrasse água,  e que essa água nunca acabasse. Tendo encontrado um poço que parecia não secar nunca, cumpriu a promessa e erigiu a capela dedicada a Nossa Senhora de Santana. A quem diga que a capela original dedicada  a Nossa Senhora de Sant'Anna seja a atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, mas não há consenso entre os historiadores sobre isso.
O poço passou a ser chamado o Poço de Sant'Anna. Ao que parece, tal poço era  ligado por uma furna submersa ao Rio Seridó, razão pela qual nunca secava mesmo nos periódos de seca mais inclementes. E nessa furna habitavam criaturas míticas: uma serpente gigantesca, em que o touro havia se transformado, e outras entidades igualmente mágicas. Mas havia um porém. Diz a lenda que se o poço um dia secasse, ou se numa enchente suas águas chegassem ao altar-mor da Igreja de Nossa Senhora de Sant'Anna, a serpente sairia de sua morada e destruiria a cidade.
Fato é que em 1924 ocorreu uma cheia dessas proporções. E mais tarde, já na década de 30, o poço secou por completo trazendo à mostra sua furna antes submersa. Todo o povo se ajuntou para ver a furna, numa expectativa de medo, curiosidade e devoção. A cidade não foi destruída em nenhuma das ocasiões, nem se viu as tais criaturas. O povo, em seus misticismo, atribuiu a salvação da cidade à intervenção da santa padroeira.
Pois bem!... Em meados de 1940 havia um sujeito boa pinta, metido a boêmia, de boa voz e por isso locutor da rádio local, alfaiate de profissão, conhecido por Zé Madalena. Filho de família pobre da periferia dos arredores do Rio Barra Nova, desde cedo dedicou-se a a aprender o ofício de alfaiate, sem descuidar dos estudos.
Como naqueles tempos a roupa se mandava fazer, o ofício de alfaiate era promissor, ao menos para o patrão  dono da oficina, onde não faltava serviço. Era comum, pelo acúmulo de serviço e prazos de entrega honrados com presteza, que se fizessem serões noite adentro para garantir a demanda.
A cidade, muito quente mesmo à noite em época de verão, deixava o pobre Zé Madalena exaurido. Ainda mais somando-se ao calor do clima o calor do ferro em brasa que usava para arrematar e passar os ternos de linho e casimira inglesa. Por isso, após a labuta dos serões, era costume ir junto com os colegas buscar a refrescância dos mergulhos no Poço de Sant'Anna já tarde da noite, antes de irem para suas casas.
Numa dessas noites, Zé Madalena ficou até bem mais tarde que os outros em seu trabalho. Quando resolveu ir embora, sufocado pelo calor, não pensou duas vezes em ir ao Poço de Sant'Anna se refrescar.
Era noite de lua cheia. Podia-se ver os reflexos da lua tremeluzindo naquelas águas antigas do poço. Zé ainda titubeou um pouco sobre sua intenção de nadar naquelas águas. As lendas lhe tomarem a mente de assalto. Sua religiosidade o impelia a não temer.
Nadou, nadou, nadou. Ficou um bom tempo ali contemplando a beleza do lugar. Tudo estava calmo e sereno. Apenas os sons noturnos do bichos: o piar de uma coruja, o burburinho de roedores no mato ralo em volta, e no mais tudo calmo. A cidade dormia entregue ao deus do cansaço. A luz  de motor já se apagara. Apenas a lua como testemunha, e a silhueta da imponente Matriz de Sant'Anna.
Quando já estava se dando por satisfeito, Zé Madalena ouviu um burburinho nas águas do poço. Saiu de mansinho. Recolheu suas roupas do chão e as pôs debaixo dos braços levantando a vista para sondar a superfície das águas. Tudo calmo!
Começou a vestir a roupa e ouviu de novo o barulho. Agora mais forte. Como se um peixe grande tivesse vindo à superfície e dado uma rabanada. Não viu nada. Apurou a vista e os ouvidos. E do outro lado do poço à sua frente, divisou um vulto que emergia lentamente. Não viu muito, apenas algo como olhos brilhando envoltos numa forma mais escura que o escuro onde estava.
Pensou que talvez fosse alguns de seus colegas que tendo saído mais cedo do serão aguardaram por ele pra lhe pregar uma peça. Chamou-os pelos nomes, e nada. O vulto continuava lá, no mesmo lugar.
Vôte!... isso é coisa do outro mundo - pensou alto.

Ao assim dizer viu o vulto sair da sombra onde estava deslocando-se em sua direção sob a luz do luar. A visão o deixou estarrecido. Parecia humano, mais se deslocava sobre a água de braços abertos aparecendo apenas do tronco para cima. A água que a deslocava chegou em ondas a seus pés e nesse momento Zé Madalena foi invadido pelo medo e a certeza de que aquela criatura ou seja lá o que fosse estava mesmo vindo em sua direção. Sem muito tempo, vestiu-se às pressas e saiu correndo gritando: é o nêgo d'água.
Se Zé Madalena era cético ou não eu não sei. Mas desse dia em diante passou a ser mais cauteloso com as histórias e as lendas que cercavam sua cidade. Mais tarde, muito mais tarde, viria a ter outros encontros escabrosos e sem explicação.
Mas isso é outra história.

sábado, 8 de maio de 2010

A PHANTASMA

Tinha umas histórias das que meu pai contava que me deixava de fato muito assombrado. Entre elas estava a história da Phantasma.
O que eu não imaginava à época, era que essa história em especial era pura invenção do Velho. Fazia parte dos seus repentes. Aqueles momentos em que após tanto falar para a audiência infantil ávida por mais um dose de suspense, ele, já cansado ou com um branco na memória, tirava da cartola um conto inusitado. Foi assim também com a série de histórias do “Duque de Piemont”, a de “Crisálida Aladim”, e outras. Mais isso é assunto pra depois. Só muito mais tarde, já adulto, vim saber dessa tramóia, pois para mim e toda a criançada sentada ao chão em volta daquela cadeira de balanço de onde ele contava as histórias de malassombro, era tudo verdade verdadeira. Afinal que graça teria se tais histórias não fossem de verdade?
Contava ele que lá pelos idos de 1960, em Serra Negra do Norte, município distante uns 40 km de Caicó, um motorista de caminhão e seu ajudante se preparavam para dormir após um longo dia de trabalho.
O caminhão era um daqueles FNM-Alfa Romeo D-9.500. O saudoso “FÊNÊMÊ”. Um caminhão imponente para a época, e estava novinho em folha. Só tinha feito, até então, duas viagens para o Recife. Pertencia a Zé de Ramos, esposo da minha tia materna Terezinha.
Era costume naqueles tempos haver sempre um motorista e um ajudante, geralmente um bom mecânico, que viajavam juntos nas estradas empoeiradas do sertão. E quando paravam para dormir, após rodar o dia todo, um se instalava na boléia, ou se “aboletava”, como se dizia; e o outro armava uma rede nos ganchos laterais da carroceria.
Chegaram a Serra Negra já de noitinha e deixaram para descarregar o caminhão no dia seguinte. Tomaram um bom banho e jantaram ali mesmo na casa do patrão. Como de costume, naquelas noites cálidas, o calor do dia ainda esvaindo-se do calçamento de paralelepípedo, sentaram-se junto com outros trabalhadores nas calçadas em confortáveis cadeiras de macarrão para ouvir e contar “causos”.
Foi ai que alguém contou uma história que ninguém tinha ouvido antes. Era sobre a Phantasma. De fato eles pronunciavam “pantarma”. Um malassombro dos grandes! Que aparecia como um pequenino ponto de luz no horizonte. Tão pequeno que era difícil enxergar no início. Mas que ia crescendo e crescendo à medida que se olhava para ela. Era uma luz espetacular! A pessoa ficava curiosa e quanto mais olhava mais a luz crescia e se aproximava, até chegar bem perto e desabar sobre o pobre coitado.
Muitos caçoaram da história: é um “fogo-fátuo” – diziam. E se riram bastante uns com os outros.
Após outras tantas histórias, e já enfadados do dia aos solavancos do “FÊNÊMÊ”, os dois viajantes resolveram se preparar para dormir. O motorista se aboletou, e o ajudante armou sua rede embaixo da carroceria do caminhão.
Com o esfriar da noite logo pegaram no sono. Se bem que o ajudante, impressionado com a “pantarma”, ficava olhando o fim da rua, como se espreitasse o menor sinal do fenômeno. Estava sugestionado!
Dormiu finalmente. Sono profundo que embala o cansaço do dia. Foi então que pela madrugada com a chegada da cruviana, o ajudante despertou meio sonolento, incomodado com o frio. Aquela visão da rua suavemente iluminada pelas luzes de mercúrio que deixavam sombras entrecortadas no caminho trouxe à sua mente a lembrança da “pantarma”. – Besteira – pensou. – Vai ver era um “relâmpo” que o cabra viu. – pensou alto como se justificasse para si mesmo o medo que sentia.
A rua onde estava deitado sob o caminhão era em declive. De modo que pelo seu ângulo de visão podia enxergar até o final da rua como se este estivesse bem mais próximo do que realmente estava. Também podia enxergar a silhueta do cemitério que se estendia ao longe.
A cruviana começa a incomodar. Embora estivesse bem agasalhado, o vento frio batia embaixo da sua rede e o fazia tremer. Não conseguia mais pegar no sono, como naquelas noites em que o cansaço é tanto que não nos deixa dormir.
Começou a pensar então na sua vida, em como chegara até ali. Mecânico, ajudante de caminhão. Tinha sido um grande avanço para quem tinha saído das brenhas mais isoladas daquele sertão. Sorriu consigo mesmo satisfeito. Amanhã, depois que descarregar as mercadorias, vou poder dormir em casa com minha Etelvina, lá em Caicó – murmurou.
Entre um pensamento e outro, olhou ao longe para o fim da rua, e viu uma luzinha bem pequenininha. Tão pequena que mal dava pra ver. Mas era muito brilhante, de um amarelo intenso.
A luz se movia de um lado a outro da rua, mas não oscilava, não variava em nada.
Que coisa! – exclamou! – Lanterna num é. Se fosse balançava quando a pessoa andasse. Nem lamparina, é muito forte. – matutava ele.
À medida que continuava a olhar para a luz ela ia crescendo e ficando mais intensa e mais bonita. Era linda! Era como se fosse feita de milhares de fogos de artifício de todas as cores. E cada vez mais se aproximava do ajudante que cada vez mais se sentia atraído por ela.
O ajudante, por fim, sentou-se em sua rede, e olhando fixamente na luz que crescia e se aproximava gritou apavorado: Ai meu Deus!... A Pantarma!...
Nesse momento, o motorista que dormia na boléia, sentiu o caminhão tremer com violência. De um pulo levantou-se assustado. Abriu a porta e saltou para fora da boléia.
Só deu tempo de ver o caminhão tombando para o lado, e aquele facho de luz da largura da rua e com mais de dez metros de altura, passar por ele e sumir rapidamente.
Correu para o outro lado da rua a procura do amigo ajudante, e viu o homem gemendo debaixo da carroceria do “FÊNÊMÊ”. Gritando por socorro tentou tirar o companheiro de lá, mas ouviu quando este deu o último suspiro. Estava morto. Esmagado pela carroceria da cintura para baixo.
A rua encheu-se de gente. Foi um alvoroço. E todos perguntavam ao motorista: o que foi? O que foi?
Foi a PANTARMA. – respondeu.
Pois bem, agora imagine uma criança, nos tempos em que não havia televisão e as noites tinham um quê de magia, dormir com uma história dessas.
Lembro que nos agasalhávamos em nossas redes que ficavam coladas umas nas outras, e olhávamos pelas brechas do lençol espreitando qualquer ponto de luz. Se um vagalume passasse alguém gritava: É A PANTARMA! É A PANTARMA!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A luz do outro mundo

Era uma noite como qualquer outra naquela Caicó dos anos 40. Tio Pé-de-Graxa, ou Tio Graxa, mantinha seu costumeiro hábito boêmio. Umas voltas na praça da Matriz de Santana, conversa com amigos, e já mais noite adentro, os cabarés. Aqueles da rua da Cadeia Velha. Mais só umas voltinhas por lá. Frequentava mesmo era pras bandas do "Cai Pedaço". Por lá tinha alguém por quem seu coração batia mais forte.
Era sempre assim. 
Mais pro fim da noite, quando por lá não dormia, retornava para casa, onde sua mãe D. Hermínia, aguardava ansiosa a chegada de seus filhos em casa.
Nessa noite, ficou com sua amada até perto da luz se apagar. A luz à motor, dava sinal de se apagar lá pelas 11 da noite. Depois de muito insistir em passar a noite ali, foi convencido a voltar para casa: uma preocupação à menos para sua mãezinha.
Meteu o pé na estrada, como se diz. Passou pela Cadeia Velha, onde se dizia que aparecia em certas noites um homem sem cabeça na janela do segundo andar que havia sido assassinado ali. Tomou o rumo da Avenida Seridó, e aí a luz deu sinal de apagar.
Vige - pensou, apressando ligeiramente o passo. - tomara que dê tempo de chegar em casa.
Quando ia já perto do centro operário avistou uma cena curiosa: sentadas em tamboretes debaixo de um poste de luz havia umas freiras costurando alguma coisa tipo um lençol. Achou estranho: uma hora dessas, essas freiras costurando no meio do tempo? que coisa esquisita - conversou consigo mesmo em voz alta.
Foi chegando mais perto... então a luz deu o último sinal e logo se apagou. Tudo ficou escuro. Tudo?
Ué! que negócio esquisito é esse?! - exclamou assustado. - A luz não apagou? - indagou mais assustado ainda.
 O que aconteceu era realmente muito esquisito. Certamente "coisa do outro mundo", como contou mais tarde. Porque a luz da cidade inteira de fato se apagou. Menos a daquele poste onde estavam as freiras.
Já de cabelo em pé, Tio Graxa se aproximou daquela cena estranha. E viu que as freiras costuravam uma mortalha. É que naquele tempo ainda se tinha o costume de quando alguém morria se "amortalhar o defunto". Geralmente o finado era vestido com roupas parecidas com as do seu santo de devoção, ou se fosse muito pobre, um simples camisolão branco.
Metido a corajoso ou pra não perder a pose, o Tio Graxa tirando respeitosamente o chapéu, abordou as "irmãs" com um "boa noite" e perguntou: - quem morreu? - Já que numa cidade pequena quase todos se conheciam lhe parecia natural sua curiosidade.
Não houve resposta. Apenas olhares frios e distantes que não olhavam para lugar nenhum! Era como se os olhos daquelas freiras estivessem soltos dentro das órbitas. Não havia expressões em seus rostos. E o lugar de repente pareceu ficar mais frio.
Tio Graxa, olhando a escuridão em volta daquela cena iluminada, sentiu seu coração pular dentro do peito, as pernas tropegarem, a espinha gelar... 
Cruz credo! - gritou apavorado. - Virgem Santa! - largou no chão o chapéu e saiu em desabalada carreira.
Correu até perder o fôlego e, tropeçando aqui e ali na buraqueira do caminho de casa, finalmente avistou a luzinha do candeeiro que D. Hermínia deixava acessa na sala de casa. Respirou fundo e continuou a correr ainda assustado.
Lá dentro, D. Hermínia como sempre fazia, repetiu sua costumeira frase, um misto de alívio e preocupação:
- "Lá vem Graxa. E tá assombrado..."
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Entre escombros e malassombros de Moacir Santos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.